quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

COMO É O NOVO COMPERJ


Entendendo o Comperj.
Um sonho político, uma bravata partidária, um marketing para eleição de Dilma Roussef, seja qual a crítica que dê ao Comperj o fato é que em 2006, quando foi anunciado, era uma proposta oportuna, uma estratégia inteligente e um projeto produtivo, considerando o quadro internacional da época. A Petroquímica, com os EUA e a China em expansão, era a poule de 10 brasileira, principalmente com a descoberta da abundância de petróleo do pré-sal, quadro drasticamente alterado em 2013 pela desaceleração da China e da descoberta de imensa reserva de Xisto nos EUA, um petróleo não convencional, um boom energético que diminuiu a dependência americana do petróleo.

A planta construtiva original do projeto previa a utilização do petróleo pesado do Campo de Marlim, localizado na Bacia de Campos, e além da unidade de refino, seriam construídas uma unidade de petroquímicos básicos de primeira geração (eteno, benzeno, p-xileno e propeno) e seis unidades de petroquímicos de segunda geração. As principais resinas termoplásticas a serem produzidas pelas unidades de petroquímicos de segunda geração serão polipropileno (850 mil toneladas/ano), polietileno (800 mil toneladas/ano) e politereftalato de etileno (600 mil toneladas/ano).

Passada a euforia do anuncio a Petrobras, na época dominada pelo governo petista e colocada a serviço do projeto partidário de Lula, deu início as obras do Comperj, em 31 de março de 2008, quw seria um dos maiores complexos petroquímicos do mundo se não fosse a realidade diferente que se mostrou logo após. Previsto para funcionamento em 2014, mesmo com anúncios animados de ampliação ainda no projeto, o Comperj naufragou logo após, em 30 de setembro de 2013, quando deu baixa em seu CNPJ.

“Sobrepreços, paralisações, greves, mudança de finalidade... Anunciado em pelo ex-presidente Lula como um pólo que revolucionaria a região de Itaboraí, virou uma refinaria. Em vez de fabricar três tipos de plásticos, ia produzir derivados de petróleo, como gás de cozinha e óleo diesel” analisou o site Congresso em Foco, em junho de 2014.

Na época a Petrobrás reconheceu o problema pontuando “Questões relativas a licenciamento ambiental, greves e processos de desapropriações para implantação do acesso de equipamentos especiais ocasionaram prazos e custos adicionais do empreendimento” complementando que a situação fora agravada por variação cambial, reajustes de contratos e replanejamento das atividades.

E daí para frente às notícias sobre a obra praticamente se reduziram a denúncias. Em 2009 o TCU - Tribunal de Contas da União - já havia conseguido indícios do cartel de empreiteiras que a Petrobras financiava – mais tarde delatadas na Operação Lava Jato como pagadores de propinas a políticos e partidos – e recomendou a paralisação de repasses de dinheiro para o Comperj.

Mesmo assim, Lula, então presidente, liberou repasses de R$ 13,1 bilhões a quatro obras denunciadas da Petrobras, entre elas o Comperj, apesar de decisão do Congresso de barrar os repasses aos empreendimentos em razão de diversas irregularidades detectadas pelo TCU. E assim caminhava a obra em Itaboraí cujo orçamento inicial, que era de US$ 6,5 bilhões, dobrou e teve o início das atividades empurrado de 2012 para agosto de 2016.

Em julho de 2015 o Comperj sofreu o que foi talvez o seu maior golpe. A Braskem, após estudos sobre adição de sua capacidade produtiva, eliminou como opção o projeto da Petrobras em Itaboraí, preferindo investir em seu projeto no município de Duque de Caxias. "Não é que ele (projeto do Comperj) não existe mais. Em algum lugar os estudos estão arquivados. Talvez num futuro faça sentido econômico, mas nosso empenho é mais para crescimento de capacidade em Duque de Caxias" comentou a Braskem na época.

A Petrobras, em julho do ano passado, através do seu Conselho de Administração desenhou o novo Comperj aprovando a reavaliação do projeto, determinando a continuidade das atividades de implantação das unidades associadas à Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) que faz parte do Projeto Integrado Rota 3 que contempla também o Gasoduto Rota 3, que completam a infraestrutura de escoamento e processamento de gás natural do pólo pré-Sal da bacia de Santos.

A estatal aprovou ainda a postergação dos investimentos e preservação dos equipamentos das demais unidades da Refinaria Trem 1 até dezembro de 2020 e orientou que continuem os esforços em busca de parceiros para dar continuidade aos investimentos, mas os projetos da Refinaria Trem 2 e da Unidade de Lubrificantes do Comperj estão cancelados.

Em setembro de 2016, no entanto, a Petrobras colocou um ponto final no Projeto Comperj, anunciando em seu Plano de Negócios 2017 – 2021 a retirada “integral” da estatal dos setores de produção de biocombustíveis, distribuição de GLP (gás de cozinha), produção de fertilizante e das participações da companhia na petroquímica para, segundo a empresa, “preservar competências tecnológicas em áreas com maior potencial de desenvolvimento”.

A desistência da petrolífera, no entanto, não significa a morte do projeto da refinaria. Recentemente o seu presidente, Pedro Parente, admitiu quase que como um anúncio, que a Petrobras discute com a chinesa CNPC – China Nacional Petroleum Corporation - a construção  de uma nova refinaria, necessidade da Petrobras prevista em vários estudos de pelo menos já há três anos. Considerando a infraestrutura do Comperj, os indicativos do mercado apostam nessa proposta e dão como certa a nova refinaria em Itaboraí, mesmo que não exista acordo com os chineses, especulando que outras operadoras de petróleo já se mostraram interessadas no Comperj.






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