segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

OS ANÕES DE ITABORAÍ

A revista piauí ironiza a cidade e traz um Quiz sobre o Comperj
A irônica revista piauí (se escreve com minúscula) voltou a se lembrar do Comperj. Em 2007 a sexta revista mais admirada do País profetizou a chegada da Petrobras na cidade como mais uma nuvem, lembrando os extintos ciclos econômicos do município - madeira, açúcar, café laranja - e satirizando uma experiência local de criação de avestruz. Agora, com a visita de Lula ao Comperj, a revista voltou, dessa vez lembrando que continuamos fabricando anões de jardins e com informações sobre a Petrobras, uma nuvem que virou uma tempestade.

No primeiro desafio a revista fala do sonho do eldorado de empregos que foi Itaboraí, desde que foi anunciado um complexo petroquímico no município. Na época o Comperj e a Petrobras, a partir da descoberta do pré-sal, foi o carro chefe da recuperação de uma crise que se iniciara em 2008 e o seu plano de investimento era tido como redenção econômica, com verbas para o PAC, com a política de conteúdo nacional e a esperança de recuperação da indústria naval, metalúrgica e da engenharia pesada.

O segundo é a Operação Lava Jato. Foi em 2016 que a força tarefa começou a investigar as delações de empresários que admitiram superfaturar as obras do Comperj com propinas a políticos e partidos, crimes que levaram a cadeia importantes nomes nacional que formava um sub-mundo do crime específico, o de extorsão de empresários e de propinas para obras de grandes lucros. No mês passado o Tribunal de Contas da União – TCU - anunciou a contabilização atualizada dos desvios, com a cifra astronômica de US$ 12,5 bilhões.

As paralisações do Comperj também fizeram parte do Quiz. O empreendimento já teve várias sentenças que condenavam o seu funcionamento, uma das primeiras, por conta do licenciamento ambiental, chamou a atenção em todo o mundo. O empreendimento conseguiu em tempo recorde reunir informações altamente sofisticadas para merecer liberação do Instituto Estadual do Ambiente que autorizou o desmate de 45 quilômetros quadrados, prevendo um reflorestamento até agora aguardado.

O desemprego é outra provocação da piauí que expõe o fiasco dos anúncios sucessivos e repetidos de vaga para todos, que incentivou um êxodo sem precedentes para Itaboraí e região, além de desestruturar toda a economia fluminense, como por exemplo, para a Lavoura – a roça perdeu seu tratoristas que foram seduzidos pelos altos salários oferecidos no Comperj – e com reflexos desastrosos no ensino acadêmico, onde proliferaram os cursos identificados com o novo negócio, em detrimento dos tradicionais, como professor, advogado, médico...

O novo desenho do Comperj, uma central de processamento de GNV com expectativa de uma nova refinaria também foi incluído no Quiz. É a nuvem do momento, onde o município espera recuperar pelo menos uma parte do que viu escorrer pelo ralo. Foi uma chuva de empresas que sumiram após o a desistência do projeto da Petrobras que deixou milhares de desempregados e dívidas no comércio, além da frustração do itaboraiense que hoje questiona se não foram enganados por um plano muito bem construído para desvio de dinheiro publico e um projeto eleitoral inteligente, capaz de eleger Dilma Roussef.

Mercê do escárnio nacional, a cidade acumula como legado do Comperj além dos muitos imóveis residenciais e comerciais construídos na sombra da nuvem do complexo uma história de tristeza e de infelicidade. De políticos apequenados e por isso sem amparo de ações certamente cabíveis para os seus prejuízos, Itaboraí é um velório de caixão aberto aonde todos os dias chegam mortos vivos, empreendedores que ainda resistiam na esperança de recuperar investimentos.

E na memória viva itaboraiense ainda se pranteia outros, já enterrados, com casos até de suicídio, de personagens que investiram na nuvem da Petrobras e sucumbiram em um toró de dívidas. Esses preferiram dar fim a vida a viver a vergonha de ter que usar o velho Caminho dos Velhacos, uma passagem alternativa, em Venda das Pedras, que os caloteiros, em tempos idos, usavam para evitar as portas e o dono de um velho armazém local, que cobrava as dívidas contraídas pelos fregueses.



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